quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Assim começa a carreira de um psicopata


A ANDA estreia, com exclusividade, uma série de matérias recheadas de pesquisa, entrevistas, curiosidades e indagações com o propósito de sensibilizar a população, as autoridades e a Justiça sobre o alto grau de periculosidade das pessoas que matam animais em série ou em massa e cujo rastro de sangue e dor pode ser contido se forem investigadas, detidas e monitoradas.
Animais incendiados ou enterrados vivos, espancados até a morte, enforcados, torturados, envenenados ou mortos por injeção letal – todos esses procedimentos são comuns em psicopatas. O alvo predileto: criaturas frágeis, indefesas, fáceis de capturar e manter sob seu domínio – e os animais se enquadram em todos os itens, assim como as crianças, mulheres e idosos que, numa segunda etapa da vida de um psicopata, podem se tornar seus alvos.
Segundo estudos do FBI, na sua grande maioria (cerca de 80%), os psicopatas começam a carreira matando animais. Por isso, em países como Estados Unidos e Inglaterra, os matadores de animais já são tratados e julgados de forma diferenciada que avança para muito além do crime de maus-tratos a animais. Nesses locais já se entende que deter esses indivíduos ou monitorá-los, quando começam a matar animais na infância, representa uma medida preventiva, de proteção não somente aos animais, mas a toda a sociedade.
Assinadas pela jornalista Fátima Chuecco, colaboradora da ANDA e sempre atuante no jornalismo pela causa animal, as matérias levantarão os casos dos psicopatas mais famosos do Brasil e no Exterior a fim de instigar a reflexão e motivar que casos onde se percebe comportamento psicopata sejam avaliados de forma mais ampla e recebam a punição adequada para evitar que os crimes continuem se propagando e, inclusive, migrando, da matança de bichos para o assassinato de pessoas.
Histórias impressionantes desfilarão pela série que estará também fornecendo canais para denúncias e dicas de como identificar indivíduos de perfil psicopata. Afinal, eles estão entre nós e muitas vezes ninguém percebe! Podem se esconder no disfarce de um simpático ou bondoso vizinho. É muito importante denunciar todo e qualquer matador de animais seja ele matador em série, em massa ou temporário.
Deter esses indivíduos salva a vida de animais e de pessoas. À propósito, no Brasil, 80 mil crianças desaparecem por ano. É um número extraordinariamente alto. Elas somem sem qualquer indício de seqüestro ou pedido de resgate e podem estar caindo nas mesmas mãos daqueles que assassinam animais.
Capítulo Quatro
Um psicopata a cada quadra
(Foto: Reprodução/Internet)
É assustador saber que a cada 100 pessoas, quatro são psicopatas segundo pesquisas americanas. Isso quer dizer que podemos encontrar um psicopata em cada quadra e pelo menos 5 milhões deles só no Brasil. Isso explica porque são tão comuns os envenenadores de cães e gatos. Quem nunca morou perto de um desses matadores de animais em série?
Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem uma estatística um pouco mais otimista: uma em cada 100 pessoas teria tendência à psicopatia. No entanto, nem todo psicopata se torna assassino de bichos ou pessoas. O National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental) dos EUA diz que 47% deles chegam a cometer crimes violentos, enquanto que os demais destilam sua agressividade no ambiente de trabalho, dentro de suas casas ou nos relacionamentos amorosos.
O destino dado ao serial killer varia de acordo com cada país. No Canadá, Inglaterra, Austrália e algumas cidades dos EUA a condenação é de prisão perpétua com cela de isolamento. Quando são menores de idade os psicopatas nesses países também podem ter como pena o isolamento do convívio social até que provem estar aptos para a liberdade.
Afinal, como foi visto no capitulo anterior dessa série, uma criança pode matar outras e o ideal seria receber tratamento e acompanhamento de modo a evitar que ela ataque novamente bichos ou pessoas. Outra penalidade aplicada em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, para casos menos graves de maus-tratos a animais, é a proibição do agressor adquirir novos bichos, além de perder a guarda dos que ainda estão sob seu poder.
No Brasil os psicopatas podem ser considerados semi-imputáveis (com consciência dos seus atos, mas nenhum controle sobre eles). Nesse caso podem ir para hospitais de custódia onde receberão tratamento e voltarão às ruas quando tiverem liberação psiquiátrica. Se forem punidos como criminosos comuns cumprirão o máximo de pena prevista no país que é de 30 anos e também serão liberados. Foi isso que aconteceu com o maior psicopata brasileiro: Pedrinho Matador – autor de mais de cem assassinatos.
“Matava pacas e macacos… acostumei!”
Pedrinho Matador (Foto: Reprodução/Internet)
Um dos mais famosos psicopatas do Brasil cumpriu pena de 34 anos, mas continuou matando até mesmo quando estava preso. Numa entrevista às TVs brasileiras em 2011, quando foi preso novamente em Camboriú (SC), Pedrinho Matador disse que só mata gente ruim e por vingança. Jamais mata mulheres e tem desejo de “acabar” com o Maníaco do Parque. A tatuagem “Mato por Prazer” diz que já tirou do braço.
Ele cresceu numa chácara em Minas Gerais onde matava pacas e macacos: “Acostumei a matar… depois passei a gostar. Gosto mais de matar com faca, estilete, mas também uso as mãos porque depende de cada traidor”, disse numa coletiva à imprensa em 2011. A “carreira assassina” de Pedrinho teve início aos 14 anos de idade quando matou um primo. Muitos anos depois matou o pai que estava no mesmo presídio que ele: “Mas só arranquei o coração dele, não comi não como dizem que fiz”.
Decapitou o próprio gato e a mãe
Não foi apenas Pedrinho Matador que treinou seus instintos violentos em bichos antes de matar pessoas. Edmund Kemper tinha o hábito de decapitar gatos e atirar em pássaros por volta de seus 13 anos de idade.
Nem o gato da família foi poupado tendo sua cabeça pendurada numa estaca. Kemper foi tão perverso em toda sua vida que é difícil acreditar que alguém como ele possa de fato existir.Matou avós, mãe, amiga da mãe, adolescentes e fez sexo com diversos cadáveres que decapitava.
Edmund Kemper (Foto: Reprodução/Internet)
Foi condenado à prisão perpétua em 1973, na Califórnia (EUA), pelo assassinato de oito mulheres, entre elas sua avó (quando ele tinha apenas 16 anos). Numa mesma tarde matou e decapitou a mãe e uma amiga dela que, inesperadamente, apareceu para uma visita. O júri considerou que Kemper gozava de saúde mental perfeita e o enviou para uma prisão comum. O dado curioso é que o próprio Kemper se entregou à polícia e durante seu julgamento disse que estava disposto a ser torturado até à morte.
Cegava pássaros com agulhas quando criança
Foto: Reprodução/Internet
Tudo aconteceu tão cedo na vida do militar americano Edward Leonski que quando ele estava com 24 anos, em 1942, já tinha sido condenado à forca pelo estrangulamento de três mulheres. Na confissão ele disse ter matado para “conseguir suas vozes.” Disse que uma delas cantou para ele enquanto à conduzia para casa: “Ela tinha uma bela voz e eu fiquei maluco por ela”.
Na investigação de sua vida pregressa, colegas de infância disseram que Edward tinha o mórbido hobby de cegar passarinhos com agulhas. Uma aberração que também pode ter alguma relação com o canto dos pássaros.
Esfaqueava animais que cruzavam seu caminho
Outro caso antigo aconteceu na Inglaterra dos Anos 50. Peter Manuel começou a praticar assaltos com 10 anos de idade e foi parar num reformatório. Libertado demonstrou ainda mais sua agressividade e era visto com frequência esfaqueando animais que cruzavam seu caminho na região rural onde passou a vagar. Eram animais do campo desgarrados de seus grupos ou cães que rodeavam as fazendas.
Na adolescência atacava garotas. Mais tarde atacou duas mulheres com martelo, sendo uma delas grávida. Assassinou duas garotas de 17 anos e dizimou famílias inteiras a tiros: uma deficiente mental de 45 anos, a filha e a irmã dela, 16 e 41, que viviam na mesma casa. Calmamente jantou antes de ir embora. Noutra residência matou pai, esposa e filho de 11 anos. Curiosamente, o gato da família escapou da chacina e Manuel contou aos investigadores que antes de ir embora fez questão de alimentar o bicho. Foi enforcado em 1958.
Índice da Maldade
O psiquiatra forense Michael Stone criou uma medida para classificar o os assassinos de acordo com seu nível de violência. Seu trabalho pode ser acompanhado por meio da série chamada Índice da Maldade exibida no Discovery Channel. Stone analisa as motivações, os métodos e a quantidade de mortes cometidas pelos assassinos.
A escala vai do número 1 ao 22, ou seja, desde pessoas normais que matam apenas em legítima defesa (nível mínimo) até os psicopatas assassinos e torturadores em série que, segundo ele, atingem o grau máximo de perversidade humana. Edmund Kemper, por exemplo,citado nesse episódio, seria da categoria 22.
Se a escala fosse transferida para os matadores de animais, teríamos aqueles que frequentemente torturam, incendeiam, mutilam, cegam ou espancam bichos até à morte no nível máximo do índice de Stone. No nível 19 estariam os pervertidos sexuais que estupram animais sem matá-los. No nível 15 os que matam vários animais numa mesma ocasião por envenenamento ou doses elevadas de sedativo, por exemplo. Aqueles que matam num momento de fúria a pauladas, facadas ou outras armas disponíveis no local do crime (sem premeditação) poderiam se encaixar no nível 13.
O Índice
1. Matam em legítima defesa e não apresentam sinais de psicopatia. (Pessoas normais)
2. Amantes ciumentos que cometeram assassinato, mas que apesar de egocêntricos ou imaturos, não são psicopatas. (Crime passional)
3. Cúmplices voluntários de assassinos: Personalidade esquizóide, impulsiva e com traços anti-sociais.
4. Matam em legítima defesa, porém provocaram a vítima ao extremo para que isso ocorresse.
5. Pessoas desesperadas e traumatizadas que cometeram assassinato, mas que demonstram remorso genuíno em certos casos e não apresentam traços significantes de psicopatia.
6. Assassinos que matam em momentos de raiva, por impulso e sem nenhuma ou pouca premeditação.
7. Assassinos extremamente narcisistas, mas não especificamente psicopatas, que matam pessoas próximas a ele.
8. Assassinos não-psicopatas, com uma profunda raiva guardada, e que matam em acessos de fúria.
9. Amantes ciumentos com traços claros de psicopatia.
10. Assassinos não-psicopatas que matam pessoas “em seu caminho”, como testemunhas – egocêntrico, mas não claramente psicopata.
11. Assassinos psicopatas que matam pessoas “em seu caminho”.
12. Psicopatas com sede de poder que matam quando estão encurralados.
13. Psicopatas de personalidade bizarra e violenta, e que matam em acessos de fúria.
14. Psicopatas cruéis e autocentrados que montam esquemas e matam para se beneficiarem.
15. Psicopatas que cometem matanças desenfreadas ou múltiplos assassinatos em uma mesma ocasião.
16. Psicopatas que cometem múltiplos atos de violência, com atos repetidos de extrema violência.
17. Psicopatas sexualmente perversos e assassinos em série: o estupro é a principal motivação, e a vítima é morta para esconder evidências.
18. Psicopatas assassinos-torturadores, onde o assassinato é a principal motivação, e a vítima é morta após sofrer tortura não prolongada.
19. Psicopatas que fazem terrorismo, subjugação, intimidação e estupro, mas sem assassinato.
20. Psicopatas assassinos-torturadores, onde a tortura é a principal motivação, mas em personalidades psicóticas.
21. Psicopatas que torturam até o limite, mas não cometem assassinatos.
22. Psicopatas assassinos-torturadores, onde a tortura é a principal motivação (na maior parte dos casos, o crime tem uma motivação sexual, mesmo que inconsciente).
Como é e age um psicopata
Alguns sintomas são bem evidentes e já foram descritos ao longo dos capítulos anteriores dessa série. O psicopata não tem empatia alguma, ou seja, é incapaz de se colocar no lugar do outro. Não sente piedade, não tem remorso, não se arrepende. Não teme cadeia e nem mesmo a morte. Vive procurando saciar seus mais mórbidos desejos e tem plena consciência de seus atos porque a parte racional de seu cérebro é completamente normal. A parte emocional é que apresenta deficiências.
O psicopata é ainda mentiroso (um verdadeiro ator podendo assumir dupla personalidade), manipulador e, por vezes, sedutor. E na maioria dos casos começa treinando seus métodos de tortura em animais, logo cedo. As causas dessa falta de sentimentos e obsessão por torturar e matar são diversas: pode ser genética, traumas e abusos na infância ou danos cerebrais. Mas uma coisa é certa: a psicopatia do nível mais elevado não tem cura.
Segundo Robert Hare, criador da Escala da Violência (mencionada no capítulo dois dessa série), em casos mais graves, quando a psicopatia leva ao canibalismo e rituais sádicos, não há nenhuma possibilidade de cura: “Nessas formas de violência os indivíduos devem ser confinados em celas especiais por toda a vida. Se for solto matará de novo”.
Uma forma rápida de descobrir qualquer tendência à psicopatia é analisando o comportamento diante de cenas de violência. As pessoas que mal podem vê-las, fechando os olhos diante de fotos e filmes “fortes” ou se arrepiando ao ouvirem falar delas não correm risco de se tornarem serial killers (como foi dito no primeiro capítulo).
Mas algumas pesquisas nesse campo mostram que há exceções à regra. O perverso Jeffrey Dahner (capítulo três da série) tinha um cérebro normal, sem excesso da parte racional em detrimento da emocional. Alguns cérebros de pessoas com comportamento pacífico mostram o contrário: parte emocional bem menos desenvolvida que a racional. Será que isso mostra que até os psicopatas têm escolha? Poderiam eles, mesmo diante de uma sede enlouquecedora de matar escolher outro caminho? Poderiam, ainda que inconscientemente, desviar seus instintos assassinos para outra atividade onde não prejudiquem bichos nem pessoas? É o que a Ciência tenta descobrir.
Acompanhe nos próximos capítulos da Série Matadores de Animais:
Psicopata Oculto e Inverso – Quem treina um pit bull ou galos para rinhas teria tendências psicopáticas ocultas, transferindo-as para os animais? O colecionador de animais, que pensa estar fazendo o bem, quando na verdade só piora a situação dos bichos que recolhe, seria um psicopata “inverso”?
E os primeiros episódios da série:
Caso Dalva e Alice no País dos Gatinhos Mortos, além do Caso Brenda Spencer, que matou dois adultos e feriu nove crianças quando tinha apenas 16 anos, mas já incendiava cães e gatos quando criança.
Médicos e enfermeiros com missão oposta: dispostos a tirar vidas das maneiras mais sádicas. No Brasil, yorkshire Lana comove o Brasil ao ser morta por enfermeira casada com médico. Veja ainda quadrilha de enfermeiras assassinas e o cruel Dahmer que mutilava e comia suas vítimas.
Crianças perversas – A importância de se deter o mal pela raiz. Na Austrália menino mata vários animais em 35 minutos de surto e ri enquanto promove o massacre. Existem crianças realmente más? O Brasil começa a relacionar casos de maus-tratos a animais com violência doméstica e outros crimes.

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