quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os benefícios da equoterapia no desenvolvimento humano



"A equoterapia é um dos métodos, talvez o único, que permite vivenciar-se tantos acontecimentos ao mesmo tempo, simultaneamente, e no qual as informações e reações são também numerosas".
(Dr. Hubert Lallery)


 
* Cynthia Bairros Tarragô  Carvalho 

A equoterapia começa a ter visibilidade no Rio Grande do Sul, e Porto Alegre tem sido referência na divulgação desse trabalho. Trata-se de uma modalidade terapêutica recomendada para vários tipos de patologias, assim como atendimentos de portadores de necessidades especiais físicas ou mentais, dificuldades de aprendizagem e comportamentais.

Tudo consiste, basicamente, no trabalho realizado com o cavalo, no cavalo e à cavalo, acompanhado de uma equipe multidisciplinar formada por especialistas das áreas de educação e saúde. As melhorias têm se mostrado significativas no desenvolvimento biopsicosocial do praticante, apontando resultados de 80% no convívio social.

A partir da recomendação médica e ou psicológica – entrevista com a família e adaptação da criança ou adulto – é feito um planejamento coletivo. Os terapeutas organizam estratégias para motivar o praticante, e as sessões são avaliadas periodicamente. Como professora da Rede Municipal e Equoterapeuta, em um Centro de Equoterapia na Zona Sul da Capital, posso afirmar que são inúmeros os benefícios desta prática, independente de suas diferentes necessidades. Em sala de aula regular não temos como conseguir tantos avanços, como nesta modalidade terapêutica com animal.

O trabalho é, acima de tudo, um prazer, estimulante e gratificante. É organizado em meio à natureza, com seus relevos, cores, vegetação e animais do entorno, em um picadeiro estrategicamente montado com vários estímulos audiovisuais e com material pedagógico específico para cada prática (letras, números, bolas, bambolês).

Aliado aos exercícios e intervenções dos terapeutas, os movimentos do cavalo e a relação que se forma entre o praticante e o animal se traduzem em diferentes respostas e aprendizagens. Só o fato de cavalgar já promove um efeito do movimento tridimensional (horizontal, vertical e esquerda e direita com o quadril). São 1,8 mil ajustes tônicos, sem contar os 120 a 180 estímulos que a andadura emite ao cérebro, facilitando os avanços em menor tempo.

Diferentes patologias, como autismo, déficit de atenção, hiperatividade, deficiências físicas e mentais fazem parte do nosso cotidiano.  Em todos os casos, cabe destacar a relação de confiança, amizade e carinho que se constitui entre o praticante e o cavalo.

Citando como exemplo um caso de dificuldades na alfabetização, costumo dizer que, primeiro, ensinei ao cavalo. Ele leva o praticante até a letra, o número ou a cor solicitada, facilitando o posicionamento para a criança ter acesso ao material. As atividades lúdicas e a musicalidade também repercutem positivamente.

Enfim, está comprovada a grandeza deste método terapêutico que, utilizando o cavalo como principal agente de recuperação, resgata valores primordiais da espécie humana, tais como cuidado, amor, solidariedade, amizade e respeito, que já andam meio descaracterizados neste mundo tão violento e carente de atenção.

Professora da EMEF Anísio Teixeira e especialista em Séries Iniciais/ Equoterapia

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